Almudena Cid Tostado

Você reconhece o nome da Almudena Cid Tostado? Espanhola? Figura da ginástica rítmica, agora atriz e autora?

Se você acompanhou algum dos Jogos Olímpicos entre 1996 e 2008, talvez este vídeo o ajude a reconhecê-la:

Nesses segundos finais, o movimento em que a ginasta estica totalmente as pernas e desliza a bola de um lado para o outro é chamado «O Cid Tostado». Sim, uma homenagem à sua criadora, a ginasta espanhola Almudena Cid Tostado, a única que pode dizer que tem um movimento com seu nome.

Sua execução impecável sempre lhe rendeu alguns décimos adicionais de originalidade na pontuação do júri, em reconhecimento ao seu esforço (e à invenção).

No entanto, não é só disso que a natural de Vitória, Espanha (15 de junho de 1980), pode se orgulhar. Almudena participou de quatro finais olímpicas de ginástica rítmica: Atlanta 1996, Sydney 2000, Atenas 2004 e Pequim 2008, embora as medalhas tenham sido impossíveis de atingir para ela.

Além disso, é uma das ginastas de maior sucesso em solo espanhol: tem 8 títulos de campeã da Espanha na competição geral da categoria de honra (1995, 1996, 1999, 2001, 2001, 2002, 2005, 2007 e 2008, sendo a segunda com maior quantidade). Somando as medalhas de ouro da geral e as obtidas nas finais por aparelhos, obteve um total de 40 medalhas de ouro.

No continente, Cid Tostado participou em 12 Campeonatos Europeus e 9 Campeonatos Mundiais. Seu melhor desempenho na tabela geral de uma Copa do Mundo foi em Madrid 2001, em sétimo lugar, e foi 8 vezes finalista mundial em aparelhos durante sua carreira.

Seus inícios

Almudena Cid Tostado começou fazer ginástica aos 7 anos, como atividade extracurricular, e logo mostrou suas habilidades no tapete.

Em 1995, a sua então treinadora, Iratxe Aurrekoetxea, já falava maravilhas: “Almudena sempre teve qualidades físicas muito boas, impressionantes. Desde o início você pode ver que ela tem uma flexibilidade tremenda (…) Ele pode fazer grandes coisas, mas precisa de tempo. Agora ela é muito jovem (…) existem ginastas muito boas no mundo (…) e agora ela tem que ganhar muita experiência”.

Foi com talento, mas também com muita dedicação e esforço que Almudena entrou na seleção espanhola, e mais tarde se tornou uma cara bastante reconhecida nas provas olímpicas.

A regular Olympic finalist

Almudena Cid Tostado é a única atleta que chegou a quatro finais olímpicas em sua disciplina. Imagine como é difícil chegar em uma, conseguir fazê-lo em quatro edições!

• Atlanta 1996: Almudena, de apenas 16 anos, conseguiu entrar na fase final do programa de ginástica rítmica. Ela ficou em quinto lugar nas eliminatórias, em nono na semifinal e em nono na classificação final. Ela era a atleta mais jovem da competição.

• Sydney 2000: Já um pouco mais experiente, ela repetiu na rodada final, terminando na nona colocação na competição. Este evento foi difícil para Almudena, pois teve que competir com um rompimento do menisco, que foi operado após o término dos Jogos Olímpicos.

• Atenas 2004: Para a nova edição olímpica, Almudena estava saudável e não só ganhou o ingresso olímpico; fez história ao se classificar para sua terceira final olímpica, uma façanha que ninguém na ginástica rítmica havia alcançado antes. Nesta ocasião, a espanhola terminou na oitava colocação e lhe valeu um diploma olímpico.
  

• Os anos seguintes foram agridoces para Almudena. Por um lado, começou a experimentar novas facetas, como ser modelo na Passarela Gaudí de Barcelona e para a marca de roupas Love Store, aparições na televisão na série “Um passo à frente” e ser imagem da Nike durante dois anos. Por outro lado, teve que fazer uma pausa no tapete devido a uma fratura no pé esquerdo, que muitos pensaram que ia ser o fim de sua carreira.
  
• Pequim 2008: A ginasta não só se recuperou, mas voltou a competir na elite. No evento olímpico, ela conseguiu fazer história novamente ao se classificar pela quarta vez em uma final, finalizando na oitava posição, o que lhe deu direito ao segundo diploma olímpico. E, agora sim, Almudena decidiu encerrar uma carreira de muitos anos e sucesso.

• Nesse mesmo ano, foi capa da revista FHM Espanha e durante a Final do Campeonato Mundial de Ginástica Artística em Madrid, recebeu uma homenagem da Federação Internacional de Ginástica (FIG) com um troféu especial de reconhecimento.

O Cid Tostado

O “Cid Tostado” nasceu em 2001. Este movimento que, em termos técnicos, é descrito como “uma rolagem pé-a-pé em posição de divisão hiperestendida» foi apresentado pela primeira vez no Campeonato da Europa em Genebra. Nesse mesmo ano recebeu a aprovação da FIG, tornando-se sua marca pessoal e seu legado para os exercícios com bola.

Aqui Almudena explica o passo a passo para incorporar na rotina e executá-lo corretamente:

Desmistificando a idade

A carreira das ginastas inicia cedo, embora também seja uma das mais curtas do mundo esportivo. Sempre existiu a crença de que “depois de uma certa idade” as atletas não conseguem continuar nem competir em um bom nível, pois o corpo começa a perder as capacidades que as colocaram no topo.

“Foi um momento difícil de escolher, mas era o que eu queria, quando eu queria (…) Lutei oito anos contra a ideia de que já estava velha para o esporte e pude mostrar que aos 28 eu conseguia estar na elite (…) Se é um esporte que valoriza a expressividade, o uso dos aparelhos… as pessoas acreditam que é só flexibilidade, mas tem o aparelho. É uma arte. E isso vem com os anos, com a maturidade (…) Não entendia, eu me perguntava por que as ginastas se retiram tão jovens? Porque o ambiente está retirando você. Eu me rebelei contra tudo isso», declarou ela alguns anos após o fim da carreira.

Desenhando um coração e com um beijo no tapete, Almudena se despediu dos Jogos Olímpicos e de sua carreira na ginástica, aos 28 anos e com o privilégio de fazê-lo “quando, onde e como” quisesse.

A reinvenção da fênix

Em sua última aparição em Pequim 2008, Almudena Cid Tostado vestia um malliot branco com uma fênix desenhada na frente. Recentemente, em uma entrevista, ela falou sobre como seu avô lhe deu esse apelido, pela sua capacidade de perseverar e superar obstáculos.

O fim da sua carreira olímpica não foi diferente: uma oportunidade de se reinventar e renascer das cinzas. Almudena decidiu experimentar nas telas e já fez várias aparições em séries, curtas e filmes. Além de ser modelo, apresentadora ou participar como convidada especial em eventos ou shows.

Sempre próxima da paixão pelo esporte, já também comentou, junto com Paloma del Río, as competições de ginástica rítmica no canal Teledeporte e escreveu colunas para o jornal El País.

Em 2011 publicou “Ótima em 9 semanas e meia” (“Estupenda en 9 semanas y media”), livro escrito com o treinador Juan Rallo. Mas foi em outubro de 2014 que foram publicadas as duas primeiras partes de «Olympia», uma série de contos infantis escritos por Almudena e ilustrados pela ex-ginasta Montse Martín que se inspiraram na sua carreira esportiva; com essas história, ela espera motivar as ginastas mais jovens a seguirem seus sonhos.

Em plena era das mídias sociais, Almudena também lançou seu site e canal no YouTube, onde compartilha dicas e tutoriais para ginastas, além do seu trabalho audiovisual.